Trissomia 21

In Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula: um Guia para Professores | 1999

A Trissomia 21, comummente denominada por Síndrome de Down, consiste numa anomalia cromossomática que provoca atrasos no desenvolvimento físico e intelectual, bem como na linguagem. Os alunos com Trissomia 21 destacam-se dos demais pela sua compleição física, apresentando baixa estatura em relação a alunos da mesma faixa etária. Alguns portadores de Trissomia 21 revelam problemas cardíacos, gastrointestinais, de visão, nomeadamente o estrabismo e a formação de cataratas, de audição, com frequentes infecções dos canais auditivos, e ao nível da fala, visto que a sua língua tem uma dimensão superior à comum.

A identificação precoce de algumas características típicas de alunos com Síndrome de Down permite a aplicação de estratégias de ensino mais adequadas. Por este motivo, disponibiliza-se, em seguida, uma lista com alguns dos traços mais comuns da Trissomia 21:

  • Problemas na fala;
  • Problemas no campo da tonicidade muscular;
  • Aparência invulgar: pés largos com dedos curtos, mãos pequenas, largas e com dedos curtos e grossos, achatamento da cana do nariz, orelhas pequenas, pescoço curto, cabeça pequena, posição oblíqua dos olhos;
  • Língua grande e protuberante;
  • Hiperextensibilidade articular;
  • Apenas uma articulação flexível no quinto dedo, em vez de duas.

in Achievement for all, Reino Unido| 2002

As dificuldades de aprendizagem específicas podem manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, perceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Alunos com DA podem apresentar padrões irregulares de fraquezas e domínios. Poderá assim haver discrepância entre as suas habilidades verbais e/ou práticas e a sua facilidade em adquirir algumas ou todas as competências de alfabetização. Aprender a ler e escrever envolve a percepção visual e auditiva, a memória, a compreensão da sequência e da funcionalidade, bem como as competências para a coordenação entre os olhos e a mão e as de motricidade fina. Desta forma, um aluno com fragilidades, numa ou em mais do que uma destas áreas, pode experienciar dificuldades reais na alfabetização, sendo que outras áreas da aprendizagem podem ser igualmente afectadas.

 

Dislexia

O termo dislexia é habitualmente utilizado para descrever problemas de aprendizagem ao nível da leitura e da escrita ou, ainda, das dificuldades em soletrar. A dislexia manifesta-se assim como um distúrbio da linguagem que se pauta pela dificuldade na descodificação de palavras simples, que deveria deixar de ocorrer a partir de certa idade. O sinal mais óbvio num aluno com dislexia é que, em vez de se revelar um aluno lento, este fará mais progressos em algumas áreas do currículo do que em outras. Segue-se uma lista de algumas características manifestadas por alunos com dislexia, reforçando contudo a ideia de que o padrão das dificuldades pode variar muito entre indivíduos.

  • confunde letras e palavras semelhantes, tanto na fala como na escrita;
  • adultera a pronúncia de palavras;
  • sente dificuldades em recordar palavras familiares;
  • não consegue recordar factos aprendidos de forma descontextualizada;
  • confunde a ordem de letras ou palavras;
  • reverte letras e números por exemplo, 15 por 51;
  • apresenta dificuldades em seguir ou focalizar-se nas palavras de uma página, perdendo o seu lugar ou omitindo linhas;
  • sente dificuldades em sequenciar eventos, por exemplo planear os dias da semana;
  • tem dificuldades com as direcções, como por exemplo distinguir a direita e esquerda, este e oeste, ou ainda na percepção espacial;
  • revela problemas na organização do trabalho;
  • apresenta falta de coordenação, por exemplo tropeçar ou cair com muita frequência.;
  • sente dificuldades em copiar correctamente o que é escrito, principalmente se for no quadro;
  • lê incorrectamente;
  • mostra dificuldades persistentes em tarefas como vestir, despir e colocar os sapatos no pé correcto ou apresenta um retardamento na aprendizagem destas competências;
  • tem dificuldades em aplaudir ao ritmo;
  • tem claramente “bons” e “maus” dias, sem qualquer razão aparente;
  • gosta que lhe leiam mas não demonstra qualquer interesse nas letras ou nas palavras;
  • usa palavras de substituição com significados aproximados;
  • conhece as cores mas troca-as, como por exemplo o preto pelo castanho;
  • apresenta dificuldades na pronúncia,
  • não é capaz de se lembrar do nome para conhecer objectos, como por exemplo mesa ou cadeira;
  • confunde palavras direccionais, como por exemplo cima/baixo, dentro/fora;
  • encontra dificuldades nas rimas de palavras;
  • tem dificuldades com as sequências temporais e em organizar as coisas por ordem cronológica;
  • reverte a sequência ou ordem de palavras ou reverte o conceito, por exemplo ir/parar;
  • mistura nas palavras letras minúsculas e maiúsculas de forma incorrecta;
  • demonstra grande dificuldade em se lembrar de toda a palavra e não aprende facilmente pelo método de ver as palavras;
  • repete os erros da fala na escrita;
  • na escrita, apresenta caligrafia destorcida e dificuldades em se manter junto à margem;
  • confunde símbolos e conceitos matemáticos.

 

Nem todos os alunos disléxicos passarão por todas as experiências mencionadas na lista anterior. Algumas pistas para identificação são:

  • a gravidade da característica;
  • a clareza com que ela pode ser observada;
  • o período de tempo durante o qual persiste.

 

Dispraxia

Dispraxia é uma dificuldade na forma como o cérebro processa a informação, da qual resulta em mensagens que não são devidamente ou completamente transmitidas. Afecta a coordenação dos movimentos, a atenção e a percepção. A Dispraxia pode ser declarada pelos constantes atrasos na consecução das metas motoras. Nomeadamente, deixar cair as coisas, revelar dificuldades com o equilíbrio, mau desempenho no desporto físico ou ainda na caligrafia. Os alunos com Dispraxia podem ter problemas em usar utensílios tais como facas e garfos. Na escrita, também podem demonstrar dificuldades com direccionalidade e pressão do lápis sobre a página.

in Achievement for all | Reino Unido| 2002

As Dificuldades de Aprendizagem (DA) em geral, traduzem-se em problemas de aquisição de competências básicas, de literacia ou numeracia. Podem concretizar-se em problemas ao nível da expressão e desenvolvimento da linguagem e/ou das dificuldades emocionais ou comportamentais, ou podem acentuar os problemas em todas as áreas referidas e associarem-se ainda a outras dificuldades, relativas aos cuidados pessoais. Os alunos com dificuldades de aprendizagem são normalmente identificados pelos seus professores numa fase precoce. No entanto, poderá ser útil ter em mente que estes alunos apresentam algumas das seguintes características:

 

  • lentidão na aceitação de novas ideias;
  • incapacidade em se lembrarem de novas competências sem um reforço constante e repetição;
  • dificuldade em absorver ideias abstractas;
  • falta de imaginação;
  • má compreensão oral e dificuldade em seguir instruções dirigidas à turma como um todo;
  • parca concentração e dificuldades na atenção prolongada;
  • discurso e fraseologia imaturos, juntamente com um vocabulário limitado;
  • problemas em recordar o que viram ou ouviram;
  • parca coordenação, afectando a motricidade fina e a motricidade grossa;
  • lentidão na aprendizagem da leitura com tendência para ler sem compreensão;
  • lentidão para estabelecer conceitos matemáticos;
  • tendência para gravitar para crianças mais novas e não se socializando com os seus colegas de turma.